O sucesso da Porsche como construtor exclusivo de carros desportivos surgiu inicialmente de uma evolução quase natural. As opiniões de do Marketing nunca foram levadas em conta durante a concepção de uma nova variante do 356. Já que todos os desenvolvimentos normalmente nasciam nas pistas. Para além disso, a Porsche mantinha-se fiéis as origens da Volkswagen, visto que o primeiro tipo 356 de 1948 era fortemente inspirado, senão mesmo baseado, no conceito do carocha. Mesmo assim, a típica suspensão dianteira e o motor traseiro refrigerado a ar foram as únicas características que se mantiveram inalteradas durante o ciclo de vida do modelo.
Com o passar dos anos, tornava-se cada vez mais difícil para a Porsche definir um conceito para um eventual sucessor. As primeiras ideias para substituir o 356 surgiram em 1956. Reflectindo o espírito carismático da empresa, Ferdinand “Butzi” Porsche, um dos filhos do fundador Porsche, começou a desenhar os primeiros esboços de um modelo que deveria ter uma distância entre eixos de 2,20 metros. A traseira inclinada e a frente rebaixada estiveram presentes desde o início, bem como a configuração 2+2 lugares e uma moderna suspensão dianteira do tipo MacPherson.
Quando o novo porsche surgiu no salão de Frankfurt de 1963, com a designação Type 901, não conquistou o público de imediato, dado o design moderno do carro, com uma linha de cintura baixa e uma grande superfície vidrada. E com 130cv de potência, não oferecia mais do que o ultimo contemporâneo, o 356 carrera de 2 litros. Mas mesmo antes do 901, cujo o nome teve de ser alterado para 911 porque a Peugeot detinha os direitos para qualquer modelo com um nome de três dígitos que incluísse um zero no meio, entrar em produção em 1964, ele já era considerado mais do que um simples novo modelo.
O motor de 2 litros, com 6 cilindros opostos e arrefecido a ar, possuía a tecnologia mais recente, incluindo um veio de excêntricos à cabeça accionado por corrente, algo que, ao contrário da tradição Porsche, não foi testado nas pistas. Tratou-se de uma excepção, já que o 911 iria passar tanto tempo nas pistas como na estrada. Enquanto os pilotos de fábrica e os amadores preenchiam as grelhas de partida, o 911 transformava-se no arquétipo do verdadeiro automóvel desportivo para as estradas de todo o mundo. O ruído característico do motor era inconfundível à distância.
A melhor forma de aperfeiçoar o 911 era aplicarem os ensinamentos dados pela competição. No final de cada temporada, a fabrica anunciava outra versão que, por sua vez, voltava as pistas para o próximo desenvolvimento.
A partir de 1964, os Porsche 911 passaram a competir anualmente nas 24 horas de Le Mans onde ganharam a sua classe mais vezes do que qualquer outra marca. Aliás, o número total de vitórias desportivas é quase impossível de apurar. Mesmo no seu último ano de produção correram inúmeros 911 em Le Mans, e certamente continuaram a competir.
Durante os 35 anos de vida do 911, apenas o nome, a sua forma básica e o seu carisma se mantiveram. Uma geração humana inteira separa o primeiro modelo de 2 litros e 130cv do ultimo 911 carrera turbo de 1998 com o seu potente motor de 3.6 litros e 408cv. Aí esta a razão pela qual o modelo é considerado um clássico de todos os tempos: devido à sua popularidade e a um volume de produção que totaliza várias centenas de milhares de unidades. Para além da apreciação individual de todas as variantes, foi a paixão pelo modelo em si que consagrou o 911 como o automóvel desportivo mais original do mundo.