Sir William Lyons e o Jaguar E
1957 foi o ano em que William Lyons decidiu abandonar a competição e criar um
automóvel desportivo com caracteristicas técnicas inspiradas no D-type, com o qual a Jaguar conquistou mais de 3 vitórias no Le Mans. Malcolm Sayer foi
responsável pelas linhas do novo modelo.
Construiram-se 2 protótipos, o primeiro E1A com motor de 2,4 litros (E-TYPE) e o segundo E2A, que se estreou
no Le Mans em 1960, nas mãos de Briggs Cunningham, sem grande sucesso.
Estes dois protótipos eram uma evolução
do Jaguar D-Type, mas o Jaguar E-Type apresentado no Salão de Genebra em 1961 era perfeitamente identificável.
Os seus contornos fluidos e esguios
encantaram de imediato.
Apresentação no Salão de Genebra
Na primeira série, os faróis incrustados no capot eram carenados, relembrando vivamente
o D-Type XKSS.
Inicialmente, apenas haviam 2 opções de carroçaria, o "Roadster" e o "Fixed Head", o primeiro bastante mais leve e da preferência de
quem gostava de se mostrar, mas o coupé era indiscutivelmente mais original e bonito.
O seu motor é de seis cilindros em linha, com duas árvores de cames à cabeça. Tem 3,8 litros de capacidade. Alimentado
por três carburadores Weber, debita 265cv a 5500 rpm, possibilitando à versão coupé ficar perto dos 240 km/h (150 milhas/h). Com acelerações
impressionantes, o E atinge 100 km/h em pouco mais de sete segundos. Encontra-se equipado com travões de disco nas quatro rodas. A sua suspensão
independente às quatro rodas permitia que o conjunto chassis-motor se revelasse homogéneo, sendo seguro explorar os 265 cv dos 6 em linha.
A
principal critica ao "E" foi em relação à caixa de velocidades; Não era sincronizada, e não autorizava passagens muito rápidas.
Os primeiros modelos
produzidos caracterizavam-se pela posição de condução tipo monolugar, com as pernas na posição horizontal, o que está na origem da designação "Flat
Floor" pela qual elas são conhecidas.
Na versão 4.2, que surge em 1968, o motor passa a ter a capacidade de 4,2 litros, mantendo a potência nos 265
cv (embora disponível em versões mais baixas). A caixa Moss (com a primeira mudança não sincronizada) foi substituída por uma caixa Jaguar, com
sincronizadores em todos os "rapports". O exterior mantém-se inalterado; os bancos tornam-se mais confortáveis e os travões melhoram
significativamente.
Em 1966 aparece o E-Type 2+2 coupé. A distância entre os eixos
torna-se maior e o pára-brisas mais alto. Estas alterações desvirtuaram a elegância das versões originais. Torna-se possível o transporte de dois
passageiros (crianças de preferência) no banco traseiro, e o espaço da bagageira aumenta. Uma das opções era de caixa de velocidades automática
Borg-Warner.
O aumento de peso e altura veio diminuir a performance deste modelo. A sua aceleração era de quase de 9 segundos, dos 0 aos 100
km/h.
Existe alguma incerteza acerca do ano de
inicio da série 1 1/2, mas 1967 é o ano apontado pela maioria dos autores como tal, visto ter sido aquele em que a Jaguar deixou as carenagens dos
faróis.
Esta série denomina-se de 1 1/2 porque apresenta características da série 1 e 2, a série da
transição.
A segunda série do Jaguar E
inicia a sua produção em 1968. Distingue-se sobretudo por não ter carenagem nos faróis, por uma maior abertura na grelha e pára-choques mais volumosos,
podendo responder ao mercado de exportação (EUA). Desaparece o revestimento em alumínio do tablier, dando-se lugar ao plástico (de grande qualidade) e
evitando-se assim possíveis reflexos incomodativos para o condutor. Podia optar-se por direcção assistida, o que afastava cada vez mais o E-Type do
"Desportivo".
A terceira e última série do Jaguar E inicia-se no ano de 1971 e só é disponibilizada em 2 versões, Coupé 2+2 e Roadster.
As duas tinham o chassis mais longo, mas a grande mudança foi ao nível do motor, doze cilindros em V, com a capacidade de 5,3 litros, alimentado por
quatro carburadores Zenith e debitando uma potência de 227 cv. Tornou-se um grande concorrente das únicas marcas que produziam motores com essas
características (Ferrari e Lamborghini), essencialmente devido ao preço mais baixo e à sua suavidade.
A principal inovação desta série é a grelha
cromada mais larga, principalmente nos guarda-lamas, podendo-se utilizar pneus mais largos, que na maior parte das vezes tinham flancos brancos à moda
dos EUA.
Era mais pesado que os modelos da segunda série, mas com o seu potentíssimo motor conseguia acelerar mais rápido, indo dos 0 aos 100 em 6
segundos (versão manual).
O seu interior é muito mais espaçoso, a distancia dos eixos é maior. Os controles tem a forma de interruptores
basculantes, que seriam adoptados em outros modelos, por exemplo no fabuloso XJ6. As opções para esta série eram a direcção assistida, a caixa
automática e a possibilidade de instalar o ar condicionado.
EM COMPETIÇÃO
Desde a sua estreia que o Jaguar E não
teve dificuldades em vencer, sendo um veículo bastante equilibrado, com o seu motor preparado para elevar a sua potência acima dos 320 cv.
A sua
estreia vitoriosa foi em Abril de 1961, pelas mãos de Graham Hill em Outlon Park.
O E-Type foi aligeirado com painéis de alumínio de forma a reduzir
o peso, e por outro lado utilizava carburadores de maior dimensão para aumentar a potência.
Estes veículos são denominados de "Lightweight" e apenas
12 foram construídos, sendo sem duvida os mais valiosos E-Type.
Em competição com o Ferrari 250 GT SWB e o 250
GTO o suspense estendia-se até ao final - qual venceria? - e muitas vezes o Jaguar E conseguia saborear a vitória.
Um dos "E" mais dificeis de
conduzir foi o "Low Drag Coupé", que tinha a carroceria desenhada de forma a beneficiar a penetração do ar. Muito rápido, mas também muito sensível aos
ventos laterais.
Graham Hill, Roy Salvatori e Stirling Moss foram alguns dos nomes que conduziram os "E" em
pistas da Grã- Bretanha e Europa.