Filho de um simples moleiro Henry Royce virou-se para a engenharia mecânica e construiu um negócio de sucesso fabricando equipamento eléctrico de alta qualidade. Charles Stewart Rolls era um aristocrata inglês que gostava de aventura e de novas tecnologias que, com a proximidade do séc. XX, tinham vindo a surgir, casos como o automóvel ou o avião. Possuía um enorme talento para vender e excelentes conhecimentos entre a elite que podia dar-se ao luxo de adquirir essas máquinas.
Royce interessou-se por automóveis e produziu um na sua fábrica em Manchester. O modelo foi visto por Claude Johnson, secretário do clube automóvel da Grã-bretanha, que logo o mostrou a Charles Rolls e providenciou uma reunião entre Rolls e Royce. Em 1904 surgiu a Rolls-Royce, com Johnson encarregue da administração da empresa, sendo frequentemente referido como "o hífen de Rolls-Royce".
Beneficiando dos excelentes conhecimentos engenheiros de um e a enorme experiência de vendas de outro a nova empresa rapidamente prosperou e construiu uma reputação de qualidade, silencio e fiabilidade para os seus produtos.
FEITO DE ENCOMENDA PARA UM MÁRAJÁ
Houve no entanto um automóvel que acima dos outros criou a lenda e estabeleceu a reputação de qualidade e fiabilidade da marca. Em 1906 a Rolls-Royce apresentou, no salão automóvel de Londres, o modelo 40/50 HP com motor de 6 cilindros. Quando o decimo terceiro exemplar do modelo saiu da fábrica em 1907, a combinação da sua carroçaria prateada e do espantoso silêncio do motor baptizou-o de "Silver Ghost" (fantasma prateado).
MUITO REQUESITADO PELA REALEZA
Encarregue de promover os produtos Rolls-Royce, Claude Johnson considerou o "silver ghost" como o veículo que mostraria as qualidades do novo modelo 40/50HP. Entre Maio e Agosto de 1907 o "silver ghost" venceu vários testes de fiabilidade obtendo recordes impressionantes. Como na corrida oficial no Scottish Trial, uma corrida de 3000 quilómetros da costa sul de Inglaterra à Escócia com a caixa de velocidades sempre na relação superior, prova que terminou no final de Junho obtendo o "silver ghost" medalha de ouro por excelência em subidas acentuadas, fiabilidades e consumos. No dia 1 de Julho iniciou a sua prova mais dura, conduzido por Johnson e uma equipa de pilotos que incluía Charles Rolls o carro arrancou para uma corrida de 24 140 quilómetros sob a observação do Royal Automóvel Clube (RAC. Durante 5 semanas o automóvel percorreu 27 vezes o trajecto entre Londres e Glasgow e atingiu o seu objectivo, um relatório elaborado pelo RAC mostrou que apenas 40 horas e 13 minutos tinham sido gastos em reparações.
O 40/50 teve um êxito de tal maneira grande que dois anos depois do seu lançamento os restantes modelos deixaram de ser produzidos. O chassis começou a ser revestido por alguns dos melhores carroçadores da época, que realizaram, desde limusinas ate às ultra leves carroçarias colocadas nos 40/50 vencedores das provas austríacas de montanha em 1913 e 1914.
Charles Rolls faleceu num acidente de viação em 1910, mas nessa altura já o décimo terceiro modelo tinha assegurado a reputação do 40/50 e de toda a marca. Este modelo manteve-se em produção até 1925, até então serviu como carro desportivo, limusina, transporte para reis e maharajahs e, na I guerra mundial foi a base para um carro blindado. Em 19 anos de produção tornou-se no modelo de referência que criou a lenda da Rolls-Royce.